Revista Internacional de Espiritismo completa 93 anos de publicação


Fundada em 15 de fevereiro de 1925, por Cairbar Schutel, a Revista Internacional de Espiritismo (RIE) é um dos órgãos de divulgação da Doutrina mais antigos do Brasil. E, também, dos mais respeitados.

Com textos de qualidade e profundidade, expande o conteúdo religioso do Espiritismo para explicações filosófico-científicas. A criação da revista veio complementar a fundação do jornal O Clarim, também de iniciativa de Schutel, cujo público eram as pessoas mais simples de instrução.

Para tornar viável o novo veículo, Schutel contou com a colaboração de Luis Carlos de Oliveira Borges, de Dourado, interior paulista, que, tornando-se fã do jornal O Clarim, decide visitar Matão, no princípio da década de 1920, para conhecer suas instalações. Àquela época, Cairbar Schutel recebia vasto material em outros idiomas com conteúdo mais elaborado, mas que não poderiam ser publicados em O Clarim.

Falando sobre esse material, Schutel revela a Borges que gostaria de encontrar um meio de divulgar esses artigos, mas não possuía recursos para tal. Borges, então, confiante na proposta idealista de seu interlocutor, garante que bancaria os primeiros recursos necessários à instalação da Revista Internacional de Espiritismo. E assim, com esforço conjunto, foi possível a primeira edição da RIE em fevereiro de 1925, impressa em São Carlos/SP.

Na ocasião, tendo como subtítulo “Publicação mensal de estudos anímicos e espíritas”, a RIE deixava claro o seu propósito de explorar os novos estudos abordados pelo Espiritismo. No editorial de abertura, Cairbar Schutel justifica a adoção do título e do subtítulo da revista: “O título e o subtítulo que adotamos para esta publicação compreendem uma vasta área de trabalhos e conhecimentos que marcam na hora atual um movimento de acentuado progresso na marcha da humanidade. (...) Por toda parte do mundo congregam-se esforços para a divulgação da Ideia Espírita. Associações, federações de associações, congressos nacionais e internacionais, dão conta dos progressos que o Espiritismo vai realizando”.

Com 32 páginas e bem ilustrado, o primeiro número trouxe importantes matérias, como um retrato do poeta francês Victor Hugo e, fazendo jus ao nome do periódico, notícias de Cuba, Itália, Dinamarca, Suécia, Grã-Bretanha, França, Argentina e Estados Unidos.

A partir do terceiro número, a RIE começou a ser impressa na gráfica em Matão e continuou dessa forma até a edição de janeiro de 2011, quando a produção foi terceirizada para uma gráfica em Ribeirão Preto/SP.

Em suas primeiras edições, a RIE transcrevia artigos traduzidos do francês, espanhol, alemão, inglês e italiano, de grandes periódicos, como: “Light”, “La Revue Spirite”, “Vie d’Outre Tombe”, “Hoy”, “The Harbingerof Light”, “City News”, “Kálpale”, “Luce e Ombra”, “The Two Worlds”, “Luz dei Porvenir”, “La Tribune de Genéve”, “Ghost Stories” e “Psychic Science”. Tais artigos eram assinados por grandes escritores e pesquisadores da época, como Sir Oliver Lodge, Camille FlamarionErnesto Bozzano e Sir Arthur Conan Doyle, entre outros. Muitos deles frequentemente trocavam cartas com Cairbar Schutel, que se encarregava de fazer as traduções(especificamente, francês e espanhol). Além dele, também foram tradutores Ismael Gomes Braga, Severiano Ivens Ferraz e Watson Campello.

 

RIE E SEU TÍTULO

O rótulo que a Revista Internacional de Espiritismo recebe não é por acaso. Mesmo nos primórdios, quando Cairbar trocava correspondências com ilustres personagens estrangeiros e traduzia diversas matérias para publicação, sua vocação internacional já se fazia presente. Atualmente, a revista circula regularmente (com assinatura) em 26 países, além do Brasil: Estados Unidos da América, França, Portugal, Suíça, Áustria, México, Holanda, Luxemburgo, Bélgica, Inglaterra, Canadá, Espanha, Uruguai, Itália, Colômbia, Nigéria, Venezuela, Cuba, Equador, Argentina, Moçambique, Porto Rico, Angola, Honduras, Austrália e Bolívia.

De grande importância, a RIE traz, frequentemente, notícias de congressos, seminários e palestras internacionais, além de eventualmente divulgar informações sobre novas instituições fundadas e suas respectivas programações.

Finalmente, no livro na obra Cairbar Schutelo Bandeirante do Espiritismo, Eduardo Carvalho Monteiro e Wilson Garia assim resumem a Revista Internacional de Espiritismo: “Não diríamos ter sido mais um órgão de divulgação espírita no Brasil, mas a Revista Internacional de Espiritismo foi, na realidade, um capítulo todo da história do Espiritismo”.
 

Fonte:  Site O Clarim