Ismael Gomes Braga

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Ismael Gomes Braga nasceu na Fazenda Braguinha, na zona rural da cidade de Ubá, Minas Gerais, no dia 14 de julho de 1891.

Era o primogênito de nove filhos do casal José Ferreira Braga e Arminda Gomes Braga. Frequentou apenas o primeiro ano do Ensino Primário, pois teve de deixar a escola para trabalhar na lavoura e auxiliar a família. Posteriormente, ainda jovem, passou a trabalhar como ajudante no comércio de Ubá.

Foi um autêntico autodidata e apaixonado por literatura. Graças à sua rara inteligência, notável memória e muita força de vontade, estudou Francês, Latim, Italiano, Inglês, Espanhol e Hebraico, adquirindo, ainda, conhecimentos nas línguas árabe, russa, holandesa e grega.

Aos 16 anos, ainda em Ubá, incentivado pelo Maestro João Ernesto, iniciou os estudos do Esperanto, aprimorando-os, posteriormente, em curso ministrado pelo Dr. Alberto Couto Fernandes. Em 1910, tornou-se membro da Liga Esperantista Brasileira (atual Liga Brasileira de Esperanto); durante sua vida, tornar-se-ia um mestre nesse idioma e um de seus maiores divulgadores no Brasil.

Em 1912, quando trabalhava na cidade mineira de Teixeiras, assistiu a uma sessão com as chamadas “mesas falantes”. Buscando comprovar o que realmente havia por trás do fenômeno, perguntou, em Esperanto, quantos irmãos tinha (“Kiom da fratoj mi havas?”). Ouviram-se, de imediato, cinco pancadas, o que evidenciava que a inteligência oculta conhecia o novo idioma.

Entretanto, Ismael pensara no número oito, uma vez que tinha cinco irmãos e três irmãs. Insatisfeito, refez a pergunta, tendo se ouvido o mesmo número de pancadas. Ismael preparava-se para abandonar o que parecia ser uma brincadeira de mau gosto, quando se lembrou do prefixo “ge”, que, em Esperanto, exprime a união de seres dos dois sexos.

Refez, então, a pergunta, agora com a especificidade correta do idioma: “Kiom da gefratoj mi havas?” (“Quantos irmãos e irmãs eu tenho?”), e se ouviram as oito pancadas. A partir de então, ainda com o auxílio do Maestro, iniciou-se na Doutrina Espírita, da qual destacou-se, também, como difusor.

Ismael foi jornalista, colaborou na imprensa espírita e leiga em quase todos os jornais da época, tanto no Brasil como em outros países, e participou de diversas entrevistas. Desposou a professora Maria Rola Braga, com quem teve um único filho: Lauro Zamenhof Rola Braga, que foi professor em Ubá.

Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde intensificou a sua atuação junto à Liga Brasileira de Esperanto e à Federação Espírita Brasileira (FEB). Nesta concebeu o “Serviço de Propaganda do Esperanto” (atual “Departamento de Esperanto”), tendo dirigido-o até a data de sua morte.

Suas atividades ligadas à propagação do Esperanto transformaram-no numa referência internacional, tendo colaborado em diversos jornais e revistas como a Brazila Esperantisto e a Reformador. Utilizava alguns pseudônimos em seus artigos, como Lincóia Araucano, Lino Teles, Osmar Brando e Cristiano Agarido.

Entre as décadas de 1930 e 1940, Ismael iniciou a divulgação do esperantismo pelo rádio, no programa “Hora Espiritualista” - então “Rádio Transmissora do Rio de Janeiro” (atual Rádio Globo).

Nessa época, o médium Francisco Cândido Xavier recebeu mensagem dirigida à Gomes Braga pelo espírito Emmanuel, conclamando os espíritas a trabalhar em prol do Esperanto: “Sim, o Esperanto é lição de fraternidade. Aprendamo-lo para sondar, na Terra, o pensamento daqueles que sofrem e trabalham noutros campos. Com muita propriedade digo ‘aprendamo-la’, porque somos também companheiros vossos que, havendo conquistado a expressão universal do pensamento, vos desejamos o mesmo bem espiritual, de modo a organizarmos, na Terra, os melhores movimentos de unificação”.

Elaborou dicionários Português-Esperanto e Esperanto-Português para facilitar o aprendizado da língua. Em 1952, participou do VIII Congresso Brasileiro de Esperanto em Recife, - cuja abertura, na Federação Espírita Pernambucana, foi totalmente falada em Esperanto; ele foi o orador oficial com o tema: “Os últimos serão os primeiros”, sendo muito cumprimentado pela mestria com que discorreu o tema.

Ismael desencarnou em 18 de janeiro de 1969, aos 77 anos, na cidade do Rio de Janeiro.

 

Fontes:

- Site da Editora FEB;
- Site Wikipédia;
- Revista Reformador, ano 2009.