Gabriel Delanne

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François-Marie-Gabriel Delanne nasceu em Paris, França, no dia 23 de março de 1857 – o mesmo ano de publicação de O Livro dos Espíritos. Filho de pais espíritas, seu pai, Alexandre Delanne, foi um dos fundadores da Liga Parisiense de Ensino e afeiçoado amigo de Allan Kardec, fazendo parte com este da direção da Sociedade Espírita de Paris; já a sua mãe, Marie-Alexandrine Didelot, portadora de mediunidade ostensiva de psicografia, muito colaborou na codificação kardequiana com suas comunicações, transmitindo informações confiáveis filtradas do mundo espiritual.

 

Portanto, desde criança, Gabriel estava familiarizado com o vocabulário espiritista, assistindo a numerosas sessões espíritas domésticas, onde seus pais formaram um pequeno grupo familiar de estudos. Ele, inclusive, teve contato com o mestre Kardec na sua infância – Kardec faleceu quando Gabriel tinha 12 anos de idade.

 

De família simples, seus pais eram modestos comerciantes de produtos de higiene, e Gabriel Delanne sempre soube que a vida não lhe seria de facilidades. Aliás, afirmando sempre que a sua crença inabalável era a espírita, e dedicando-se desde cedo à pesquisa experimental dos fatos presenciados dentro da sua própria casa, veio a receber da espiritualidade uma mensagem cujo teor o tornaria mais dedicado e disciplinado para com suas pesquisas. Dizia a mensagem: “Nada temas. Tende confiança. Jamais será rico do ponto de vista material. Coisa alguma, porém, te faltará na vida”.

 

Gabriel iniciou seus estudos no Colégio Cluny, em Saône et Loire, e, depois, encontrou seu irmão Ernest na Escola Gray em Haute Saône. Após estudos científicos brilhantes, ele foi admitido na Escola Central das Artes e Manufatura no dia 03 de novembro de 1876. No entanto, a situação financeira de seus pais não lhe permitiu a conclusão dos estudos, e precisou trabalhar como engenheiro na Companhia de Ar Comprimido e de Eletricidade Popp, onde esteve até 1892, dividindo seu tempo entre trabalho e dedicação ao Espiritismo.

 

Desde menino, Delanne não gozava de boa saúde. Tinha um abscesso no olho esquerdo, que o isentou do serviço militar, e do qual resultou uma infecção que prejudicaria progressivamente a sua visão. Com o passar dos anos, sua saúde agravou-se.

 

Gabriel nunca se casou ou teve filhos. No início de 1905, ele adotou um bebê de sete meses de idade: a pequena Suzanne Rabotin, a quem dedicou imenso amor e lhe fez muito bem. Em 1906, a paralisia dos membros inferiores obrigava-o a andar com duas bengalas. Nem por isso abandonou as conferências na França e no exterior, sempre divulgando as ideias espíritas.

 

No período da 1ª Guerra Mundial (1914/18), a saúde de Delanne piorou ainda mais. Cada movimento era um grande sofrimento, e ainda por cima ficou cego. Em 1918, já não conseguia mais andar, sendo necessário o uso de cadeira de rodas. Não obstante todo esse sofrimento físico, continuou produzindo incessantemente.

 

Gabriel Delanne desencarnou às sete horas da manhã de 15 de fevereiro de 1926, aos 69 anos, em Paris. Seu funeral foi realizado 18 de fevereiro no famoso Cemitério do Père-Lachaise, o maior da capital francesa, onde foi cremado e teve suas cinzas depositadas em uma urna no jazigo da família. 

 

 

Contribuição ao Espiritismo

 

Nascido em ambiente espiritual propício à sua preparação, Gabriel Dellane foi grande defensor do Espiritismo, o que se fez nos moldes rigorosamente científicos e com estrita fidelidade ao seu Codificador, marcando a transição e a continuação da obra de Allan Kardec.

 

Dedicou a maior parte de seus esforços na luta por consolidar o Espiritismo como uma ciência estabelecida e complementar às outras. Em 1882, com a reorganização do Espiritismo na França, foi fundada em Paris, em 24 de dezembro daquele ano, a União Espírita Francesa. Entre os fundadores, estão os Delanne pai e filho.

 

Em 1883, Gabriel Delanne fundou a revista O Espiritismo graças à generosidade da famosa médium inglesa Elisabeth D'Esperance, que lhe doou a quantia de cinco mil francos para as despesas. Passou, então, a realizar experiências com grandes médiuns. Em 1904, juntamente com Charles Richet e outros estudiosos, presenciou os prodigiosos fenômenos de materialização de Vila Cármen, em Argel.

 

A produção literária de Delanne não se apoia em especulações imaginárias, mas em fatos por ele mesmo investigados e confirmados. Em 1884, ele representou a França no Congresso Espírita de Bruxelas e, em 1885, publicou seu primeiro livro O Espiritismo perante a Ciência, no qual ele ressalta o aspecto científico da Doutrina que o manteve tão envolvido. Em dezembro do mesmo ano, foi nomeado Vice-Presidente da União Espírita Francesa.

 

Deixando a Companhia Popp, em 1892, devido aos problemas de saúde, passou a trabalhar como representante comercial, tal qual o pai. Aproveitou-se, então, de muitas das suas viagens para propagar o ideal espírita em conferências realizadas na França e no exterior.

 

Em 1893, lança seu segundo livro O Fenômeno Espírita, seguido por A Evolução Anímica em 1895. No ano seguinte, ele corajosamente abandona qualquer atividade profissional para dedicar-se a espalhar a filosofia espírita. Foi convidado para dar aulas na recém-criada Universidade de Altos Estudos em Práticas de Magnetismo. Lecionou nas Faculdades de Ciências Magnéticas, Ciências Herméticas e Ciências Espiritualistas.

 

Em 1897, publica A Alma é Imortal, e, no ano seguinte, participa como delegado em uma grande conferência espírita internacional em Londres, onde apresenta longo relatório sobre a reencarnação. Lança, no mesmo ano, a Pesquisa Sobre a Mediunidade.

 

Em janeiro de 1899, a Federação Universal Espírita se transformou em Sociedade Francesa de Estudos dos Fenômenos Psíquicos e, mais uma vez, recorre a Gabriel para exercer a vice-presidência antes de o presidente ser nomeado rapidamente. Após vinte anos de excelentes trabalhos, em 1919, a Sociedade se transforma em União Espírita Francesa, tendo Gabriel Delanne como seu Presidente.

 

Com o agravamento de sua ataxia, em 1908, os amigos o instalaram em uma casa em Nice, onde podia admirar o mar. Nela, passava cinco meses por ano, e foi onde escreveu sua obra As Materializações de Vivos e Mortos, lançada em dois tomos: em 1909 e 1911, respectivamente.

 

Seu estado de saúde agrava-se nos últimos anos. Ficou cego, e, a partir de 1918, já não pode mais andar, sendo amparado por cadeira de rodas. Mesmo assim, continuou a trabalhar para a disseminação de sua filosofia, seus amigos liam-lhe jornais e ele redigia artigos para a preparação de seu último livro: A Reencarnação, lançado em 1924.

 

Por tudo isso, pode-se dizer que Gabriel Delanne foi incansável pesquisador que soube aproximar a ciência da religião, certo de que ambas teriam que caminhar unidas para uma compreensão lógica do universo e dos seus habitantes: os espíritos.

 

Fontes: 

- Federação Espírita Brasileira (Feb)

- Grupo Espírita de Petrolina